sábado, 2 de agosto de 2008

Furando uma teoria

Faz tempo que não posto, então será 2 posts no mesmo dia...
Estes dias estava eu pensando com os meus botões e fiz uma descoberta digna de ser premiada com o Nobel, pois consegui desmentir uma afirmação que alguns dizem ser cientificamente comprovada.
Dizem as más línguas que canhotos vivem menos que destros, em média uns nove anos a menos. E eu, como boa canhota, não posso concordar com isso, portanto precisei arrumar uma maneira de furar esta idéia e CONSEGUI!
Pensemos na banda de rock'n'roll mais fenomenal de todos os tempos, The Beatles. Lá, temos uma estatística canhoto-destro de 50%. Paul McCartney e Ringo Starr são canhotos, enquanto que George Harrison e John Lennon, destros. Pois bem: quais dos integrantes estão vivos? Quais já faleceram? Exatamente: os canhotos estão vivos e os destros não estão mais entre nós! Logo, canhotos vivem mais que destros!

Fim!

Balanço de julho

No começo do mês de julho, escrevi um texto dizendo que as férias geralmente são um período complicado, pois ficar muito tempo parada pode me levar à loucura. Porém, agora que o meu tempo livre está com as horas contadas, vejo que estava errada. Descansar, ter tempo para cuidar de si mesma, passear e curtir era exatamente o que estava precisando. Por mais que realmente houvesse momentos entediantes, nem de longe pirei, deprimi ou qualquer merda do tipo.
Ta dando tudo certo. E estou ficando mais feliz.
Agora, que venha o segundo semestre!

terça-feira, 22 de julho de 2008

Badaladas do meu silêncio

Estou de férias, como sabem bem. Isso implica em uma mudança considerável no meu horário biológico, deito-me mais tarde, acordo mais tarde ainda. Não que eu force esta mudança, isso acontece naturalmente a partir do momento que minhas aulas cessam. E, enquanto eu não pego no sono, eu escuto. Escuto a cidade que me cerca, os seus cochichos breves, o seu vento que já fora mais ousado e mais impiedoso, os carros que cruzam a rua, cujos motoristas vão a lugares que só eles sabem. Escuto também badaladas em algum lugar, indicando hora cheia. Badaladas que não escuto durante o dia, badaladas que só percebo neste momento de calmaria, badaladas suaves e baixinhas, que vêm de algum lugar que não consigo identificar. Isto acaba me intrigando e adiando o meu tão precioso sono, pois eu não as percebo durante o dia pela sutileza da sua existência, o barulho da cidade nestas horas fala mais alto, mas não diz nada. Mesmo que eu fosse tentar escuta-las, eu não conseguiria. Eu preciso da calma, do silêncio para compreender que a hora cheia se aproxima, caso contrário, eu não compreenderia nada, não veria o que tudo isto tem para me dizer sobre o momento. Achamos sempre que o silêncio não há nada para nos dizer, simplesmente por ser o silêncio. Mas suas mensagens, são coerentes, tem o que nos dizer, basta saber escuta-lo da maneira certa.
O que precisamos mesmo é aprender a escutar. Mesmo que não saibamos de onde vêm as badaladas.

quinta-feira, 17 de julho de 2008

Ser jovem no início do milênio é...

Aos meus 19 anos, sempre tive um pensamento que creio eu que várias outras pessoas da mesma idade no ano de 2008 (sempre este ano maldito!) têm. Queria ter sido jovem em outra década. Pelo meu gosto pessoal, principalmente o que se refere à música, eu poderia viver nos anos 60, 70 ou 80. Tanto faz qual década dessas, eu seria feliz de qualquer jeito. Ligar as rádios badaladas da época e escutar somente ‘coisa boa’, nada dessas drogas que empesteiam cada vez mais o meu carro e que meu irmãozinho insiste em escutar quando anda comigo. Conheceria mais pessoas da minha idade que gostariam do mesmo que eu, não seria vista por muitos como uma alienígena por não conhecer o Hit da semana.
Só que chegou uma hora que percebi o quão idiota é a minha idéia, minha vontade absurda de querer voltar ao passado e viver minha juventude lá. Primeiramente, a não ser que eu morasse em Liverpool, eu nunca veria o show dos caras, porque raramente eles viriam para o Brasil e eu mataria a minha ânsia de ouvir as canções dos meus ídolos ao vivo (exceção nos casos dos ótimos músicos brasileiros; se fosse para voltar ao passado e ver a minha amada Elis, não pensaria nem duas vezes). Depois, para eu ter a quantidade de material áudio e vídeo que tenho hoje em dia de todas as coisas que eu gosto, eu teria que gastar uma PUTA de uma grana, que, aliás, eu não tenho. A tecnologia supre a minha nostalgia de uma época que não vivi, de shows que não fui, de artistas que morreram antes mesmo de eu pensar em nascer. Vejo entrevistas pelo Youtube, baixo discografias inteiras de um dia para outro. E antes que venham me dizer que isto é errado, eu não acho. Conhecimento e arte não podem ser propriedade privada, devem ser universalizados e acessíveis a todos. Não falo de ganhar dinheiro com o trabalho dos outros, isto é uma sacanagem mesmo. Mas a partir do momento que eu tenho acesso a tudo isso apenas para o meu proveito pessoal, juro: não vejo nada de errado mesmo. Tenho que ter alguma vantagem em ter nascido na época em que o cenário musical começou a perder seu charme.

Para aqueles que curtem: Queen no Rio de Janeiro, dia 30 de novembro. Tudo bem que é sem o ídolo, mas não deixa de ser uma das melhores bandas de rock do mundo!

segunda-feira, 14 de julho de 2008

Pessoa que levo para cama

Julho, mês de ócio gelado. As noites para os solteiros solitários como eu são sempre um pouco tristes. Não temos em quem encostar e dormir aconchegados pelo calor humano que o companheiro emite. Mas não me deixo vencer facilmente, recuso-me a ir deitar e logo dormir. Portanto, tenho escolhido vários homens para fazer companhia a mim em noites como essas e em outras noites também. São filósofos, não-filósofos, proseadores, poetas. Falam da metafísica do mundo (ou da falta dela), baseadas em chocolates e na natureza que nos cerca. Contam a história de um país do outro lado do Oceano, onde havia um império que, em certa época, dominou todo o mundo. Suas palavras, sussurradas em meu ouvido, fazem-me sonhar com rebanhos e tabacarias, mares e amores. Alberto, Ricardo, Álvaro, Bernardo, até Fernando; não importa. Cada um tem seu jeito de me encantar e arrepiar minha pele, às vezes até tirando-me o fôlego com o que é dito. Palavras para uma época, para um país... Para Pessoa.

sábado, 12 de julho de 2008

As possibilidades de uma noite de Julho


Em uma noite escura, olho pela janela do meu quarto. Não há viv’alma passando pela calçada. Vez ou outra, cruza algum carro e seu motorista insiste em ouvir alguma coisa extremamente dispensável e de um péssimo gosto. Talvez esteja indo a alguma festa, algum encontro, algum lugar longe da solidão reservada a momentos como este. Eu também poderia ter ido a alguma festa, a algum encontro ou a algum outro lugar qualquer que me fizesse esquecer por algumas horas as tristezas e angústias, que eu pudesse fingir que minha vida está perfeita e do jeito que eu a sempre quis. Poderia ter ligado para aquele cara que reencontrei faz um tempo, poderia estar com ele agora. Poderia ter ido à casa daquela minha amiga que não vejo faz anos, que está separada do marido, com dois filhos para criar. Os pequenos certamente já estariam dormindo; ficaríamos horas conversando sobre nossas vidas, quem sabe embriagadas, quem sabe sóbrias.
Poderia ter feito várias coisas, mas alguma coisa não quis que eu fizesse nada disto. Quem sabe o tipo da noite que faz me convida a ficar reclusa em casa, envolta nos pensamentos e imaginando aquilo que pudesse desejar. Quem sabe a noite tenha me confidenciado que nada daquilo que poderia fazer numa noite como esta fosse ser tão interessante quanto estar solitária por um tempo. Ou então – quem sabe? – esta tenha me seduzido, mostrado que estar sozinha às vezes é preciso, ainda mais quando qualquer companhia no momento se mostraria vã, um passatempo insosso e não merecido. Não importa o motivo, o que tenha feito com que ficasse em casa hoje. O que importa é que a noite está escura e quando olho pela janela do meu quarto, não há viv’alma passando pela calçada. E as músicas que se tocam nos poucos carros que cruzam minha rua são sempre extremamente dispensáveis e de um péssimo gosto.

quarta-feira, 9 de julho de 2008

A Bossa Nova e a gente



Olha que coisa mais linda
Mais cheia de graça
É ela menina
Que vem e que passa
Num doce balanço
A caminho do mar

Moça do corpo dourado
Do sol de lpanema
O seu balançado é mais que um poema
É a coisa mais linda que eu já vi passar

Ah, por que estou tão sozinho?
Ah, por que tudo é tão triste?
Ah, a beleza que existe
A beleza que não é só minha
Que também passa sozinha

Ah, se ela soubesse
Que quando ela passa
O mundo inteirinho se enche de graça
E fica mais lindo
Por causa do amor
(Antonio Carlos Jobim/Vinicius de Moraes)

O ano de 2008 não tem sido um dos melhores anos, como já comentei. Mas tem coisa muito boa celebrando data especial. Uma dessas coisas muito boas são os 50 anos do surgimento da Bossa Nova, com o lançamento do compacto de João Gilberto Chega de Saudade em 1958. A partir daí, o movimento cresceu cada vez mais, revolucionando o cenário musical brasileiro e internacional. Grandes nomes da música mundial, como Frank Sinatra e Ella Fitzgerald, renderam-se a este estilo tão harmonioso, com ritmo da percussão do samba tocada apenas por um violão e uma técnica vocal capaz de cantar em um tom uniforme com um fraseado disposto em uma forma não-convencional.
A Bossa Nova é apenas uma pequena da nossa música brasileira, que, por ter tanta influência de tanta coisa boa, é rica e incrivelmente sonora. Já ouvi muita gente dizer que o que é nacional não presta, é tudo lixo. É um fato: pessoas assim são ignorantes e idiotas. Não digo por não gostarem, isto é pessoal demais para se julgar. Mas é preciso ter respeito, ver que o que os mestres brasileiros fizeram tem um valor cultural imensurável, mesmo que você não aprecie. Gosto é uma coisa; respeito é totalmente diferente. Elis já dizia que o movimento nacionalista musical que havia na época dela não era contra a música “de lá”. Afinal, se fôssemos generalizar, seríamos uns imbecis. Porém o que eles queriam era mostrar à população que – sim! – temos coisa boa aqui. Só que muito brasileiro acha que o tupiniquim não vale a pena e só aprecia o que vem do Tio Sam & Cia. Nem sempre é assim. E Bossa Nova é um ÓTIMO exemplo disso. Afinal, se não fosse, o pessoal lá de fora não teria gostado tanto.

Sugestão pra quem curte: BossaNaOca, no Pq. Ibirapuera. A exposição ta simplesmente demais, com fotos inéditas, entrevistas fantásticas com os principais mestres do Brasil e muita... mas muita Bossa.

http://guia.folha.com.br/exposicoes/ult10048u419420.shtml